quinta-feira, 26 de março de 2009

Virgem cidade cosmopolita


Dubai, a virgem cidade cosmopolita esperando alcançar o seu auge aproximadamente daqui a uns 10-15 anos, revertendo a mentalidade daqueles que um dia julgariam que seria eternamente enraízada como uma simples e modesta vila pescatória.

Das restantes cidades limítrofes, ainda restam vestígios daquilo que foi e que, ainda por força de alguns se mantém ainda tradicional, pintando um simples quadro com "cores arábicas". Portanto para todos aqueles que pensam que Emirados Árabes Unidos é apenas retratado por uma imagem de um hotel 7 estrelas ou por uma gigante torre de 800 m, ou até um shopping que alberga no seu interior um "oceanário" autêntico, está redondamente enganado...nos Emirados ainda se pode encontrar muito mais para além disso.


Sendo assim, e como recompensa por estes dois meses aqui passados, recebemos o convite para participar na "Grande Reportagem" da SIC... É verdade caríssimos leitores, não é todos os dias que podemos receber em nossa casa duas grandes celebridades da televisão portuguesa, Miriam Alves jornalista galardoada pela "Grande Reportagem" em " O Balneário" e Jorge Pelicano pela imagem no "Ainda há pastores".


(dedos cruzados para ver se ganham pela reportagem no Dubai)


Entretanto, não revelerarei mais pormenores sobre esta grande entrevista. Só resta agora, aguardarem sentadinhos no sofá até rolar o primeiro "teaser".


Amanhã é dia de viagem...partimos com destino a Oman de modo a obter por mais um mês a nossa estadia por terras arábes.


Mais pormenores sobre esta viagem serão revelados mais à frente.


Como já dizia, aquele boneco da Manga Songoku:


"Não percam o próximo episódio porque nós também não"

domingo, 15 de março de 2009

"Adhan...o som da nova geração"

Nada fazia prever o temível domingo a 8 de Março, aquando às 7:40 toca o despertador para mais um dia de trabalho...Eis que no imo da minha guela, a chamada amigdalite dá sinais de si e em fase de tresloucura tomo um jabasulide, em jejum e rumo à faina.

Meus amigos e amigas foi o dia mais longo da minha vida, de esforço, de dor, e desespero... Os suores eram cada vez maiores e as horas não teimavam a passar para que finalmente chegasse o final de mais um dia laboral.

17h00 - Cambaleando e desnorteado, dirigo-me ao gabinete do meu delegado a dar conhecimento do meu estado de saúde, que por sinal era cada vez mais alarmante.
Saio do escritório, juntamente com os meus colegas de trabalho e salvadores do que se iria passar nos momentos que se seguiram.
Sentimentos:
corpo fraco e extremamente quente.
garganta inflamada
ansiedade iminente
Respiração ofegante

Resultado final: Emirates Hospital.

17h30: Depois de muitas voltas de carro, "Em busca do hospital perdido", eis que dou entrada na sala de triagem com os mesmos sintomas e a necessitar urgentemente de cuidados médicos. Depois do exame geral, mandam me preencher uma ficha de utente com perguntas infindáveis, e eu, mal conseguia segurar na caneta. No final, uma Doutora de Clínica Geral observa o meu comportamento e, assustada, manda-me entrar para a sala de urgências...Uiiiii maldita hora...

(a partir daqui não é aconselhável a leitores com idades inferiores a 18 anos, isto porque eu odeio hospitais, odeio agulhas e abomino batas brancas que carreguem qualquer instrumento pontiagudo)

Deitado na maca, colocam-me logo um cateter no braço esquerdo - "Ahh sua filha da p..." - agoniado e irritado pela primeira espetadela que iria servir para o soro...

De seguida, espetam mais uma agulha, - "FDSSSSS sua filha d p...Por favor mais agulhas, NÃOOO", isto para fazer análises ao sangue.

Passado uma boa meia hora, e como ainda continuava com a febre altíssima (39º), decidiram que teria que levar com uma injecção no dito cujo...a sacrificada foi a minha nádega direita....Bem...

"Inhale...Exhale" - dizia, a enfermeira com a seringa na sua mão direita...

Avizinhava-se momentos de grande dor.

"Now relax your leg muscles..." e subitamente...ZAUUUUUUU...Um rugido de leão ouvia-se no pequeno Emirates Hospital, ao qual nunca mais seria o mesmo desde aquele momento. A mesa que estava do meu lado esquerdo com gazes e uma bacia com àgua voou literalmente...as palavras ordinárias entoavam como ecos infindáveis, e nisto os risos sarcásticos daqueles que me rodeavam, acalmavam um bocado os utentes que sobressaltados esperavam a sua vez para serem chamados...Ainda desconfio que alguns foram embora, assustados com o que se passava na sala de urgèncias. Abandono o local passado 3 horas, completamente anestesiado e bastante melhor.

Obrigado Srs. Enfermeiras por todo o "carinho" prestado.

Enfim e chega assim o final de mais uma aventura em terra de monhés, onde o sol brilha todos os dias e onde o adhan (chamamento entoado de forma melodiosa para a oração diária nas mesquitas) se espalha pelos vários cantos do Dubai.

P.S. Não existe até ao momento registos fotográficos nem vídeos, de um tuga no Emirates Hospital.

segunda-feira, 2 de março de 2009

"Operação tempestade no deserto"

Mais uma vez fica provado aqui, que as surpresas têm sido umas atrás das outras...


Cerca de mil pessoas formam o símbolo lusitano aqui no Dubai, sendo que já fomos a alguns encontros destes mesmos, para matar saudades da nossa língua, das nossas raízes, discutir um pouco sobre o que vai de errado com o nosso querido país e os seus governantes, as mentalidades ingénuas de muitos que pararam no tempo, o processo casa-pia...notícias com efeito bola de neve...enfim...algo que é sempre delicioso de ouvir...o verdadeiro tuga criticando, positivamente e negativamente, a sua terra-mãe.

Numa noite quente como nunca antes vista em Portugal, nem no pico de Verão, encontramo-nos num dos mil Starbucks espalhados pelo Dubai, em concreto no Dubai Marina (palco de grandes atracções), para saborear um bom café e assistir a um "desfile" autêntico de carros luxuosos: Lamborghini's murcielago, Ferraris séries limitadas, Maseratti's, Rolls Royce, Aston Martin's, Audi's R8, em todas as cores possíveis e imaginárias (até prateados), para não falar dos "reles" Mercedes SLK, Hummer's, Porsche's, Mustang's GT, estes sim carros muito banais, por estes lados...eis que fomos convidados, por um dos portugueses que trabalha no Kartódromo do Dubai, para ir assistir no fim de semana ao SpeedCar Series 09, que teria lugar no Dubai Autodrome.

"Sim, claro que sim...vamos com todo o gosto...obrigado, João!" diziamos nós.

Infelizmente não pudemos ir na sexta feira, dia inaugural, devido ao casamento da irmã do Sunil. Mas, sábado por volta da 13h30, estavamos nós a sair de casa, com credenciais ao peito para experienciar algo de novo e surreal (palavra típica por estas bandas).

Bem só para vocês terem uma noção, neste dia estavam 40º graus, e o vento "queimava" a pele...


"Operação tempestade no deserto"

A uns 20 km da nossa casa, completamente isolado situava-se o Dubai Autodrome. Esta zona, albergará futuramente o Dubai Sports Centre, onde já se costuma ver algumas infra-estruturas em construção no meio do deserto.
Chegando lá, entramos como se costuma dizer na gíria portuense: "à patrão"
De credencial ao peito dirigiamo-nos por entre os corredores que davam acesso aos bastidores do autódromo, onde a real animação e o ronco dos motores aqueciam para a corrida final.
Depois de algumas voltas pelo recinto, as garagens das equipas, demos por nós na pista...repito outra vez...estavamos na grelha de partida, alguns minutos antes da partida. Alguns pormenores: cumprimentar pessoalmente os famosos Jean Alesi e Johnny Herbert, tirar fotos com as meninas da poll, sentir o cheiro de borracha queimada da corrida anteriror (motas)...enfim: SURREAL !!!
Não dá para descrever mais...vejam algumas fotos...












Grandes vidas...Grandes momentos...

O convite para assistir ao meu primeiro casamento hindu, foi entregue em mão pelo nosso Business Manager, Mr. Sunil Shanker, cuja irmã/noiva preparar-se-ia para mudar o seu nome para Raddika que pelos vistos, quando alguém hindu se casa o primeiro nome da noiva é alterado consoante o dia de noivado, isto é, existe o género de uma listagem de nomes para o ano todo.

Aí está algo que não se vê todos os dias...

Com este convite teríamos direito a dois dias de celebração: o primeiro dia foi na Terça Feira, 24 de Fevereiro de 09, dia este em que se celebrou a troca de alianças no Four Points Sheraton.
Passo a relatar alguns pormenores que foram captados durante esta cerimónia:

1 - Flores e ramos são desenhados nas mãos da noiva, com tintura de henna, no dia anterior ao casamento. O tamanho e a complexidade dos desenhos indicam o status social da noiva.

1 - A apresentação da familia e amigos. Super simpáticos e atenciosos. Díficil de memorizar os nomes, pois são muito esquisitos do género Yahya.

2 - Em Portugal há a tradição de reservar as mesas do copo de àgua consoante os familiares e os amigos do noivo(a). Neste caso não havia lugares reservados, por isso poderiamos muito bem sentarmo-nos na mesa dos noivos.

3 – Havia um mini palco, onde se encontravam os noivos, sentados em dois tronos e junto a eles os respectivos pais, onde trocam presentes, fios de ouro, pulseiras, um cabaz “Continente”, onde até o famoso Tang se encontrava lá, etc.

4 – De seguida, a madrinha da noiva sobe ao palco e recheia a sala de encantamentos, bençãos sânscritas e rituais milenares, bastante profundo. A meu ver foi algo retirado da banda sonora do filme Indiana Jones e o Templo Perdido.
Enquanto se ouvia estes cânticos que ultrapassavam os limites ordinários, com a ponta dos dedos agarravamos uma parte da camisa e pediamos desejos para a nossa vida. Grande oportunidade para pedir um telemóvel novo, já que o meu tinha ido à vida.

5 – No final, os noivos ergueram-se dos seus belos tronos e dirigiram-se ao canto da sala, onde se encontrava uma mesa com uma imagem do deus “Shiva”( um dos deuses da trindade hindu, ao qual reza a lenda para as mulheres indianas solteiras que isto lhes ajudará a obter um bom marido), onde colocariam o “tilak” (sinal vermelho) entre as duas sobrancelhas, feita com um pó vermelho. Os hindus acreditam ser um dos pontos mais importantes do corpo, o chamado terceiro olho ou o olho da sabedoria, simbolizando a busca pela unificação do consciente e do subconsciente que pode ser conquistada através de meditação. Ao qual se segue, o mesmo procedimento aos familiares mais próximos.

6 – Circundantes em volta do palco fomos “abençoados” com umas gotas de àgua que eram lançadas pela madrinha, como sinal de boa sorte.

7 – Eis que após ter ficado completamente “encharcado”, surge uma hora de dança tradicional da India onde ficaria mais uma vez provado que a chamada música “pimba” não é apenas um ícone lusitano, mas sim internacional.

8 – Após as danças e os rituais, e porque a “fomeca” apertava dirigimo-nos ao salão mais importante: o do jantar. Nada de carne, nem peixe, tudo comida vegetariana, que por acaso estava tudo muito bom.

E dava por terminado o primeiro dia do casamento.

Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 09,

...ou melhor...

...2ª parte...sem direito a prolongamento

Local: Templo Hindu, em Bur Dubai (único no Dubai)

Antes de mais, convém referir que este templo hindu, fica no centro de um pequeníssimo bairro indiano, com lojinhas, cafés, mini-mini-mercados, por trás de uma mesquita. (local de culto para os seguidores do islamismo, onde através de alto-falantes, aproveitam para fazer chegar mais facilmente aos fiéis a voz do muezim, que os chama para as cinco orações diárias). O que torna o ambiente um pouco mórbido, para quem está prestes a casar-se num templo hindu.

Mal chegamos ao templo, barraram-nos a entrada pois não permitiriam que entrassemos calçados. Dirigimo-nos então, ao local onde iriamos deixar os nossos sapatos. Uma pequena praça, não mais que 8 metros quadrados, encontrava-se uma sapateira em madeira, onde daria para colocar uns 200 sapatos. Aí está, pézinhos ao léu, e sapatos no sítio...estavamos aptos para entrar no local sagrado.

Subindo a primeira escadaria, entramos num sala em condições lastimáveis, e um cheiro que parecia ser urina, onde encontramos pessoas esticadas e deitadas de barriga para baixo a rezar a um deus. Cada um, tem um deus/guru preferido, e sendo assim dirigem-se às suas imagens e prestam as suas orações.



Após uma longa espera eis que surgem os noivos e os familiares, que por esta altura, já nos conheciam e assim saudamos os noivos por este marco nas suas vidas. O noivo e a noiva vestem um traje apropriado com um colar de flores gigante, quase tocando os seus pés. A noiva apresenta as mãos desenhadas com flores e ramos, com tintura de henna (o tamanho e a complexidade dos desenhos indicam o status social da noiva).

Eis que subimos mais uma escadaria, desta vez para dar entrada no templo. Onde mais uma vez teriamos que cumprir mais um ritual...a colocação de um pano que cobriria a nossa cabeça.

Entrando no templo esta era a imagem:





Sentados nas alas do corredor central, assistiamos então à celebração do casamento.

No final do casamento, dirigimo-nos para ir buscar os sapatos que ficaram fora do templo. Surpresa das surpresas, já não estava lá a sapateira e, tinham colocado todos os sapatos amontoados, no chão...Grande bagunça...nisto, uma ratazana cruza o nosso caminho enfiando-se para dentro de um buraco...uma imagem um pouco desagradável, pouco antes de irmos almoçar a casa do Sunil Shanker, imão da noiva.
Mal chegamos a casa do Sunil para um almoço fraternal, num apartamento nos arredores de Bur Dubai, reparamos que o corredor para a porta do apartamento dele, estava em todo o seu percurso, enfeitado com luzes e flores.
E mais uma vez, como era de esperar, outra vez comida vegetariana muito condimentada, mas desta vez a acompanhar com umas cervejinhas Heinekken.

E foi este o glorioso dia de casamento, com a despedida dos noivos para a India, para a famosa lua de mel.

Grandes vidas...Grandes momentos...