terça-feira, 28 de abril de 2009

Corda ao pescoço

"A corda ao pescoço"

Hoje, acordamos num país
Colocamos à volta do pescoço a dita cuja
Vamos para o trabalho com a dita cuja
Almoçamos com a dita cuja
Ouvimos, em todo o lado esse maldito termo,
que incomoda meio mundo,
cuja expressão cansada de tantas vezes repetida ganha:
novas formas,
novos contornos
novos 'nós de marinheiro'.

O cheiro a sande de atum, já enjoa
uma nota só e abandonada
preenche um vazio na gaveta do quarto.
Por quantas vezes, já ouvimos dizer
"No poupar é que está o ganho"
as ditas 'colchas do tostão'
aguentam agora o pesar de um corpo
com a dita cuja

...corda ao pescoço...

Faço minhas as palavras de um paquistanês, que outrora, afirmou: "Dubai is money!!!"
Isto poderá ter várias maneiras de interpretação. Numa primeira leitura poderemos dizer que o dubai auto-intitula-se como uma potência exponencial de crescimento.
Mas, pouca gente saberá que, quando bateu a crise por estes lados, quem viria a suportar este pesadelo seria um emirado vizinho: Abu Dhabi, a capital dos EAU, detentora de 94% das reservas de petróleo, o mais 'rico' dos emirados.
Imaginem esta situação acontecer num país como Portugal, onde teriamos Lisboa (Sócrates), ajudando o Norte do País.(Rui Rio)


A segunda leitura que eu faço desta sábia exclamação, é que a maioria das pessoas que vem para o Dubai, é para ganhar dinheiro, pouco ou muito, a oferta ainda é vigente.
Tomemos o exemplo dos filipinos, indianos e paquistaneses, a sociedade escravatizada...Aqueles cuja pele se confunde com a areia do deserto, os lenços que cobrem o rosto que outrora sorria por saber que arranjou trabalho no Dubai, as carrinhas sujas que os trazem e levam aos dormitórios, situados no meio do deserto, onde ficam alojados...tudo ao monte e fé em Alá, sem condições rigorosamente algumas...a temperaturas completamente hostis.

- E quem ganha com isto?

Os locais, que enriquecem os bolsos com as estruturas metálicas que percorrem a cidade.
Onde estão os Direitos do Homem?
E, os europeus e americanos, que aproveitam este emirado como 'Land of Opportunitites', para enraizarem seus negócios, e colocarem bastante ao bolso...tax free, meus amigos.


A terceira, e última leitura é o caso de um estagiário a viver no Dubai, que com o dinheiro que resta, tenta gerir as suas contas agora para os próximos dois meses intensos.
Muitos estagiários, deste programa INOV, espalhados pelo mundo e na mesma situação, apertam agora os cordões à bolsa, pois não irão receber o mês referente a junho, pois já foi pago antecipadamente em Janeiro.
Mas viver com uma nota no bolso, como no tempo do Rui Veloso, nem para cigarros, nem bilhar... se sobrevive no Dubai.

Al Salam.

1 comentário:

  1. Não se queixem porque em países como o Brasil esse programa é mesmo "mamar na teta do governo"...

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