segunda-feira, 2 de março de 2009

Grandes vidas...Grandes momentos...

O convite para assistir ao meu primeiro casamento hindu, foi entregue em mão pelo nosso Business Manager, Mr. Sunil Shanker, cuja irmã/noiva preparar-se-ia para mudar o seu nome para Raddika que pelos vistos, quando alguém hindu se casa o primeiro nome da noiva é alterado consoante o dia de noivado, isto é, existe o género de uma listagem de nomes para o ano todo.

Aí está algo que não se vê todos os dias...

Com este convite teríamos direito a dois dias de celebração: o primeiro dia foi na Terça Feira, 24 de Fevereiro de 09, dia este em que se celebrou a troca de alianças no Four Points Sheraton.
Passo a relatar alguns pormenores que foram captados durante esta cerimónia:

1 - Flores e ramos são desenhados nas mãos da noiva, com tintura de henna, no dia anterior ao casamento. O tamanho e a complexidade dos desenhos indicam o status social da noiva.

1 - A apresentação da familia e amigos. Super simpáticos e atenciosos. Díficil de memorizar os nomes, pois são muito esquisitos do género Yahya.

2 - Em Portugal há a tradição de reservar as mesas do copo de àgua consoante os familiares e os amigos do noivo(a). Neste caso não havia lugares reservados, por isso poderiamos muito bem sentarmo-nos na mesa dos noivos.

3 – Havia um mini palco, onde se encontravam os noivos, sentados em dois tronos e junto a eles os respectivos pais, onde trocam presentes, fios de ouro, pulseiras, um cabaz “Continente”, onde até o famoso Tang se encontrava lá, etc.

4 – De seguida, a madrinha da noiva sobe ao palco e recheia a sala de encantamentos, bençãos sânscritas e rituais milenares, bastante profundo. A meu ver foi algo retirado da banda sonora do filme Indiana Jones e o Templo Perdido.
Enquanto se ouvia estes cânticos que ultrapassavam os limites ordinários, com a ponta dos dedos agarravamos uma parte da camisa e pediamos desejos para a nossa vida. Grande oportunidade para pedir um telemóvel novo, já que o meu tinha ido à vida.

5 – No final, os noivos ergueram-se dos seus belos tronos e dirigiram-se ao canto da sala, onde se encontrava uma mesa com uma imagem do deus “Shiva”( um dos deuses da trindade hindu, ao qual reza a lenda para as mulheres indianas solteiras que isto lhes ajudará a obter um bom marido), onde colocariam o “tilak” (sinal vermelho) entre as duas sobrancelhas, feita com um pó vermelho. Os hindus acreditam ser um dos pontos mais importantes do corpo, o chamado terceiro olho ou o olho da sabedoria, simbolizando a busca pela unificação do consciente e do subconsciente que pode ser conquistada através de meditação. Ao qual se segue, o mesmo procedimento aos familiares mais próximos.

6 – Circundantes em volta do palco fomos “abençoados” com umas gotas de àgua que eram lançadas pela madrinha, como sinal de boa sorte.

7 – Eis que após ter ficado completamente “encharcado”, surge uma hora de dança tradicional da India onde ficaria mais uma vez provado que a chamada música “pimba” não é apenas um ícone lusitano, mas sim internacional.

8 – Após as danças e os rituais, e porque a “fomeca” apertava dirigimo-nos ao salão mais importante: o do jantar. Nada de carne, nem peixe, tudo comida vegetariana, que por acaso estava tudo muito bom.

E dava por terminado o primeiro dia do casamento.

Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 09,

...ou melhor...

...2ª parte...sem direito a prolongamento

Local: Templo Hindu, em Bur Dubai (único no Dubai)

Antes de mais, convém referir que este templo hindu, fica no centro de um pequeníssimo bairro indiano, com lojinhas, cafés, mini-mini-mercados, por trás de uma mesquita. (local de culto para os seguidores do islamismo, onde através de alto-falantes, aproveitam para fazer chegar mais facilmente aos fiéis a voz do muezim, que os chama para as cinco orações diárias). O que torna o ambiente um pouco mórbido, para quem está prestes a casar-se num templo hindu.

Mal chegamos ao templo, barraram-nos a entrada pois não permitiriam que entrassemos calçados. Dirigimo-nos então, ao local onde iriamos deixar os nossos sapatos. Uma pequena praça, não mais que 8 metros quadrados, encontrava-se uma sapateira em madeira, onde daria para colocar uns 200 sapatos. Aí está, pézinhos ao léu, e sapatos no sítio...estavamos aptos para entrar no local sagrado.

Subindo a primeira escadaria, entramos num sala em condições lastimáveis, e um cheiro que parecia ser urina, onde encontramos pessoas esticadas e deitadas de barriga para baixo a rezar a um deus. Cada um, tem um deus/guru preferido, e sendo assim dirigem-se às suas imagens e prestam as suas orações.



Após uma longa espera eis que surgem os noivos e os familiares, que por esta altura, já nos conheciam e assim saudamos os noivos por este marco nas suas vidas. O noivo e a noiva vestem um traje apropriado com um colar de flores gigante, quase tocando os seus pés. A noiva apresenta as mãos desenhadas com flores e ramos, com tintura de henna (o tamanho e a complexidade dos desenhos indicam o status social da noiva).

Eis que subimos mais uma escadaria, desta vez para dar entrada no templo. Onde mais uma vez teriamos que cumprir mais um ritual...a colocação de um pano que cobriria a nossa cabeça.

Entrando no templo esta era a imagem:





Sentados nas alas do corredor central, assistiamos então à celebração do casamento.

No final do casamento, dirigimo-nos para ir buscar os sapatos que ficaram fora do templo. Surpresa das surpresas, já não estava lá a sapateira e, tinham colocado todos os sapatos amontoados, no chão...Grande bagunça...nisto, uma ratazana cruza o nosso caminho enfiando-se para dentro de um buraco...uma imagem um pouco desagradável, pouco antes de irmos almoçar a casa do Sunil Shanker, imão da noiva.
Mal chegamos a casa do Sunil para um almoço fraternal, num apartamento nos arredores de Bur Dubai, reparamos que o corredor para a porta do apartamento dele, estava em todo o seu percurso, enfeitado com luzes e flores.
E mais uma vez, como era de esperar, outra vez comida vegetariana muito condimentada, mas desta vez a acompanhar com umas cervejinhas Heinekken.

E foi este o glorioso dia de casamento, com a despedida dos noivos para a India, para a famosa lua de mel.

Grandes vidas...Grandes momentos...

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